Prefeitura de Porto Alegre abre investigação para apurar desmoronamento de conduto contra cheias após as chuvas da última quarta-feira

Parte do Conduto Álvaro Chaves não suportou a força da água e cedeu na Rua Coronel Bordini

A prefeitura de Porto Alegre abriu investigação para avaliar a responsabilidade pelo desmoronamento do Conduto Álvaro Chaves. Técnicos do Departamento de Esgotos Pluviais (DEP) avaliam nesta manhã os estragos provocados pela enxurrada de quarta-feira no local.

Inaugurada em 2008, a maior obra de drenagem da capital gaúcha custou R$ 59 milhões, mas não impediu vários pontos de alagamento na região onde está instalada. Na esquina das ruas Coronel Bordini e Marquês do Pombal, o asfalto cedeu e o trecho permanece bloqueado.

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Asfalto cedeu nos dois lados da rua por onde passa a maior galeria do conduto.           Foto: Bruno Alencastro / Agência RBS

O prefeito José Fortunati ressaltou que uma empresa internacional realizou a obra e tem responsabilidade técnica sobre ela.

Vamos buscar esclarecimentos da empresa e encaminhar ao CREA (Conselho Regional Engenharia Arquitetura Agronomia do RS) para que a prefeitura possa ser ressarcida. Alguém precisa ser responsabilizado. Os técnicos vão analisar a estrutura e de que forma foi abalada — afirmou Fortunati, em entrevista à Rádio Gaúcha.

Em entrevista ao joranl Zero Hora, o prefeito acrescentou:

É preciso ver esta situação com um olhar de perplexidade porque aqui foi feita uma das principais obras de drenagem da cidade.

O proprietário dos carros que caíram no buraco e lojistas que tiveram os estabelecimentos danificados pela chuva após demoronamento de conduto poderão, eventualmente, ser indenizados. Fortunati orientou as pessoas afetadas a realizar laudos técnicos para entrar com recurso administrativo na prefeitura.

Segundo o DEP, a obra tem um seguro ainda válido e que pode ser acionado. Além das empresas envolvidas na obra, o CREA também será notificado pois participou da fiscalização da construção.

As obras no Conduto devem se estender pelos próximos 60 dias. Até o final do dia, o DEP promete divulgar uma nota oficial informando os primeiros resultados da inspeção.

A incapacidade do Conduto Álvaro Chaves de dar conta da chuva deverá ser colocada em discussão pelo Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul (Senge/RS) nos próximos dias.

O integrante do conselho técnico da entidade Carlos André Bulhões Mendes, também vice-diretor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), entende que a aparente fragilidade da obra diante da enxurrada precisa ser esclarecida.

O engenheiro conta que, quando ouviu dizer que uma parte do conduto teria cedido na Rua Coronel Bordini, não acreditou. Dirigiu-se até o local para analisar a cratera aberta junto à canalização que deveria escoar a água em excesso e acabou vítima dela.

Pelo que eu pude ver, parte da obra cedeu. Ainda é cedo para tirar conclusões definitivas, mas é de certa forma inadmissível que tenha ocorrido isso com uma obra recém-terminada e que custou tanto dinheiro público — avalia o especialista.

Mendes revela que pretende apresentar o tema para ser debatido no Senge-RS. Uma das hipóteses que será avaliada é se houve alguma falha na execução do projeto. O engenheiro conta ainda que registrou imagens do local onde o solo cedeu para utilizar em aulas.

O diretor-geral do Departamento de Esgotos Pluviais (DEP), Tarso Boelter, afirma que técnicos da prefeitura deverão ir ao local fazer uma análise técnica somente nesta quinta-feira. Ontem, a área foi apenas isolada.

Aparentemente, o terreno cedeu e houve um dano em uma estrutura de tijolos do conduto, chamada de anel. A princípio, seria um dano fácil de consertar. Mas somente após a vistoria poderemos ter certeza do que ocorreu — afirmou Boelter.

O diretor do DEP preferiu não comentar se é normal uma obra do porte do conduto apresentar esse tipo de problema antes da visita ao local.

O conduto é a maior obra de drenagem pluvial já feita na cidade e tem como missão controlar alagamentos em nove bairros. Foi construída entre 2005 e 2008 a um custo de R$ 59 milhões — com financiamento de 66% do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e contrapartida da prefeitura de 34%.

Quantidade de chuva não seria justificativa

Boelter ressalta que Porto Alegre está com obras contra cheias em pelo menos 10 pontos vitais, mas diz que nenhuma delas daria conta da chuva em apenas uma hora. O professor do IPH da UFRGS Carlos Tucci diz que a chance de uma chuva em torno de 70mm em uma hora ocorrer é de 5% em um ano, em Porto Alegre.

O especialista afirma que projetos de drenagem, via de regra, são previstos calculando chuvas com metade dessa intensidade. Para Mendes, porém, o alto volume da precipitação não deve servir como desculpa para a fragilidade revelada pelo conduto:

 Foi feito muito investimento nessa obra. A quantidade de chuva não justifica.

Fonte: ZeroHora.com

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